União dos laços Brasil e Portugal marca os 96 anos da Portuguesa

A Portuguesa comemora neste domingo (14) 96 anos de fundação. A história do Clube é marcada pela união dos laços Brasil e Portugal e como o sonho dos imigrantes lusitanos em trazer um pedaço da cultura de além mar para as terras descobertas por Pedro Álvares Cabral no período das grandes navegações em 1500.

A história da Lusa e de Portugal anda entrelaçada. Com a necessidade de trazer um representante do futebol português para o Brasil, cinco clubes da cidade de São Paulo se uniram para fundar a Associação Portuguesa de Esportes. A data da união dos clubes Lusíadas, Lusitano, 5 de Outubro, Marquês de Pombal e Portugal Marinhense foi em 14 de agosto de 1920, data que remete a Batalha de Aljubarrota, quando o povo português levantou armas e tornou-se independente da Espanha, em 1385.

Uma das primeiras equipes da Portuguesa com o jogador Filó, que viria a se tornar campeão mundial com a Seleção da Itália (Foto: Arquivo/Museu Histórico da Portuguesa)

Para disputar o Campeonato Paulista daquele ano, já que as inscrições haviam se encerrado, a Rubro-Verde uniu-se ao Mackenzie e adotou o nome de Portuguesa/Mackenzie. A parceria durou apenas três anos, quando a Lusa passou a atuar de maneira independente e adquiriu a sua primeira sede, na região do Cambuci.

Nos primeiros anos da Lusa, um dos seus primeiros ídolos surgiu. Filó, que atuou nos anos 20 e foi campeão do Mundo com a Seleção Italiana em 1934. Em 1935, a Portuguesa sagrou-se campeã Paulista, com uma campanha de 10 vitórias, dois empates e duas derrotas em 14 partidas. Após empatar diante do Ypiranga no primeiro jogo, por 2 a 2, os lusitanos venceram o segundo duelo, por 5 a 2, com gols de Adolfo, duas vezes, Paschoalino, Duílio e Carioca. O último, inclusive, foi o artilheiro do torneio, com 18 gols. No ano seguinte, o bicampeonato, ao golear o mesmo adversário, por 6 a 1, e a estrela de Carioca brilhar novamente entre os goleadores.

Largo São Bento e a Lusa conquista a Europa

A Taça San Izidro, conquistada pela Portuguesa contra o Atlético de Madrid, por 4 a 2, com gols de Pinga I e Nininho, ambos duas vezes (Foto: Arquivo/Museu Histórico da Portuguesa)

Nos anos 40, a Portuguesa mudou sua casa e se instalou no Largo São Bento. E, na década seguinte, formou um dos principais esquadrões da história do futebol brasileiro. Entre os principais nomes estão o de Djalma Santos, campeão Mundial com a Seleção Brasileira, Pinga, Julinho Botelho, Brandãozinho, Ceci, Simão, entre outros. Com isto, a equipe verde encarnada conquistou duas vezes o Torneio Rio São Paulo em 1952 e 1955, além de três Fitas Azuis (1951, 1953 e 1954), premiação concedida pelo jornal Gazeta Esportiva às equipes que ficassem invictas por 10 jogos no exterior.

A década de 1950, inclusive, enquanto a Portuguesa excursionava pela Europa, o Atlético de Madrid a convidou para disputar a Taça San Izidro, em homenagem ao padroeiro da capital espanhola. Um ano após ser derrotada pelo Brasil na Copa do Mundo, a Espanha queria a revanche e escolheu a equipe verde encarnada para encarar o principal clube do País. O resultado, no entanto, não foi o imaginado pelos donos da casa e a Lusa venceu, por 4 a 2, com gols de Pinga I e Nininho.

Canindé: A nova casa da Portuguesa

Em 1956, foi adquirido o terreno localizado próximo às margens do Rio Tietê, o que deu início ao sonho de construção de um estádio próprio. Na ocasião, foram feitas várias reformas com o objetivo de atender às exigências da Federação Paulista de Futebol, com a construção de alambrados e uma arquibancada de madeira. O nome cedeu o apelido de Ilha da Madeira, em referência ao arquipélago português de mesmo nome. A estreia da casa lusitana foi diante de um combinado de Palmeiras e São Paulo e terminou com triunfo da Lusa, por 3 a 2.

Na década de 1970, ocorreu uma segunda grande reforma e a reinauguração aconteceu em 9 de janeiro de 1972, em amistoso diante do Benfica que tinha um inspirado Eusébio como um dos principais atletas. O jogo terminou com derrota da Lusa, por 3 a 1. No ano seguinte, teve início o estaqueamento da praça de esportes para a construção do terceiro anel.

Não apenas do futebol a Portuguesa foi ganhando espaço no Brasil. O Clube tem nos esportes olímpicos e amadores os seus principais nomes para a consolidação dos laços entre Brasil e Portugal. No hóquei e na patinação, por exemplo, a Lusa ganhou importantes torneios e, até hoje, cede atletas para a Seleção Brasileira em torneios sul-americanos e mundiais. No ciclismo, vôlei, basquete e boxe foram alguns dos esportes que se destacaram ao longo dos anos.

Portuguesa goleia o Corinthians, por 7 a 0, no Pacaembu, em 1961 (Foto: Arquivo/Museu Histórico da Portuguesa)

Após a conquista do estádio, o novo desafio foi a busca por um local para receber os treinamentos das equipes profissional e de base, já que o gramado lusitano não suportava a grande quantidade de atividades e o Clube chegava a alugar espaços para realizar as movimentações. Com isso, o então presidente Dr Oswaldo Teixeira Duarte, que logo seria imortalizado como um dos principais presidentes da história da Lusa, juntamente com o Dr Alfredo Augusto, adquiriu o terreno no Parque Ecológico do Tietê, no qual viraria a nova casa dos treinos da Lusa.

Com o passar dos anos, grandes diamantes foram garimpados naqueles gramados, tais como Rodrigo Fabri, Leandro Amaral, Dener, Edu Marangon, Zé Roberto, entre outros. Em 1996, a Lusa, comandada por Candinho e que tinha em sua equipe atletas como Alexandre Gallo, Capitão, entre outros, garantiu a classificação para o mata-mata no Campeonato Brasileiro e encarou o Grêmio na final, que estava sob o comando de Luiz Felipe Scolari, que em 2002 se tornaria o comandante do Brasil pentacampeão mundial. Após vencer, por 2 a 0, em São Paulo, a Lusa perdeu no Olímpico, pelo mesmo resultado, e ficou com o vice-campeonato, já que o time gaúcho tinha a melhor campanha na primeira fase.

Campeã da Série B do Brasileirão

Em 2011, a Lusa voltaria a ganhar os holofotes do futebol nacional. Com uma equipe composta por jovens valores, conquistou o título da Série B do Campeonato Brasileiro. O estilo de jogo ofensivo, com predominância na posse de bola e as goleadas elásticas diante de equipes tradicionais do futebol nacional renderam para aquele plantel o apelido de “Barcelusa”, referência ao estilo de jogo do Barcelona de Lionel Messi e comandado por Pep Guardiola. em 38 jogos, a Lusa conquistou 23 vitórias, 12 empates e apenas três derrotas, com 82 gols anotados e apenas 38 sofridos. A campanha rendeu destaque na imprensa nacional e em alguns veículos internacionais.

Atualmente, a Portuguesa disputa a Série C do Campeonato Brasileiro e luta para retornar à elite do futebol nacional, lugar no qual jamais deveria ter saído. A diretoria, seus funcionários, parceiros e colaboradores iniciam trabalhos para a profissionalização de todo o Clube, desde o futebol profissional e de base, nos esportes olímpicos e amadores e na parte social. Prova disso são as reformas realizadas no Centro de Treinamento do Parque Ecológico do Tietê, que agora conta com um hotel para receber a equipe profissional e ambientes para o tratamento e cuidado dos atletas, a valorização dos jovens das categorias de base na equipe profissional, a parceria com grandes empresas do Brasil, tais como a Rede Graal, Brahma, Uniex, Mediacom, Hytera, Volkswagen, Voxx Suplementos, E.R.P Flex e Café Torres, além do título da São Paulo Football League, conquistado pelo Lusa Lions, time de futebol americano da Rubro-Verde, e os bons resultados das equipes de base, que ainda cedem atletas para a Seleção Brasileira, caso do futebol feminino e do hóquei.

A Rubro-Verde ainda volta a reforçar seus laços junto à pátria lusitana. Além de sempre promover eventos que fortaleçam essa união entre Brasil e Portugal, como a tradicional Adega da Lusa, que acontece todo segundo sábado do mês no Salão Nobre do Canindé, o Clube vem buscando novos passos. Durante a final da Eurocopa de 2016, na qual Portugal sagrou-se campeão, o ginásio do Clube recebeu mais de 1.200 lusitanos e tornou-se o principal ponto de encontro da torcida para a final. A conquista inspirou o novo terceiro uniforme da equipe, nas mesmas cores da terceira camisa da seleção, a Lusa estrou o manto em homenagem aos campeões da Euro.

No próximo dia 17 de Setembro, o fortalecimento entre o Clube e o país, ganhará um novo capítulo. A Portuguesa é uma das apoiadoras da “Arrebenta Festa”, evento que trará às dependências do Clube o melhor das festas típicas lusitanas e, também, contará com um show especial do cantor Roberto Leal, que promete agitar a colônia com seus grandes sucessos. A união de todos fará com que a Rubro-Verde retorne aos tempos de glórias e a novamente adentrar os gramados não apenas dos estádios brasileiros, mas do mundo.